No dia 7 de julho, durante a 68a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Porto Seguro, BA, a SBBN apresentou a mesa redonda “Radiações ionizantes e saúde: qualidade, dosimetria e radioproteção”. Esta foi a primeira participação oficial da SBBN em reuniões anuais da SBPC, da qual tornou-se associada em 2015.
O químico Jair Mengatti, diretor do Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN/SP indicou os radioisótopos importados ou produzidos em cíclotrons no país e procedimentos para marcação de moléculas na radiofarmácia industrial do IPEN, destacando as boas práticas de fabricação de radiofármacos e oportunidades para novas pesquisas. Ele explicou que o projeto do reator multipropósito brasleiro (RMB) é uma solução para o abastecimento de radioisótopos no país e também para promover a inovação na área de medicamentos para terapias.
O físico Daniel Coiro da Silva, da Santa Casa de Misericórdia da Bahia e diretor técnico da empresa Biopharmacus, demostrou que um programa de garantia da qualidade de equipamentos e instalações permite reduzir custos operacionais e aumentar a confiabilidade das imagens produzidas em serviços de medicina nuclear. Os dois primeiros palestrantes concordaram que há subutilização de exames com radiofármacos no país porque a cobertura de procedimentos pelo SUS é insuficiente. O físico Daniel citou o exemplo da Santa Casa em Salvador, entidade filantrópica que atende o SUS, que realiza em média somente 6 exames com técnica PET por semana.
A física Silvia Maria Velasques de Oliveira, especialista em dosimetria interna e professora do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), usou dados do Comitê Cientifico das Nações Unidas sobre Efeitos das Radiações Atômicas (UNSCEAR, em Inglês) para comentar o crescimento das exposições médicas nos paises desenvolvidos e a necessidade de otimização de doses, especialmente em “grupos de risco” (pacientes mulheres em idade fértil e crianças). Mostrou a importância da dosimetria para o planejamento terapêutico e ressaltou que conhecimentos adquiridos em Radiobiologia, Radiogenômica e Biodosimetria são indispensáveis para promover a medicina individualizada, sendo que a experiência adquirida na Radioterapia poderia contribuir para outras práticas.
O moderador da mesa, físico Fernando Roberto de Andrade Lima, diretor do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN/CNEN), convidou os palestrantes para responder perguntas da platéia, formada por estudantes de graduação bem como de professores com conhecimento na área, dentre os quais destacamos as honrosas presenças da Prof. Yvonne Mascarenhas, professora emérita da UFSCar e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do superintendente do IPEN/CNEN/SP, Dr. José Carlos Bressiani.
A Presidente da SBBN encerrou destacando o papel das sociedades científicas como promotoras de encontros entre especialistas e leigos, para criticar e propor soluções para demandas científicas, tecnológicas e de recursos humanos, sob uma perspectiva multidisciplinar e sem eventuais constrangimentos causados por restrições hierárquicas em instituições governamentais ou privadas.
Confira reportagem completa da 68a. reunião anual da SBPC no link: http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2016/08/JC_769.pdf