A SBPC reuniu nesta terça-feira, 22 de agosto, as Sociedades Científicas Associadas para discutir ações conjuntas contra os cortes orçamentários para a ciência, tecnologia, inovação e educação no País. Os cerca de 60 representantes presentes, dentre os quais a Presidente da SBBN, Prof. Silvia Velasques, concordaram com a intensificação do Fórum Permanente, para debater ações em defesa dessas áreas tão cruciais ao desenvolvimento do País.
O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, iniciou a sessão apresentando a nova diretoria, que tomou posse em julho, durante a Reunião Anual, em Belo Horizonte. Moreira ressaltou a gravidade dos contingenciamentos, que deixaram neste ano o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) com ¼ do orçamento que possuía em 2010. “O orçamento desse ano deveria ser R$5 bilhões, mas a verba liberada ao Ministério é de cerca de R$2,5 bi. Com a Emenda Constitucional 95 (EC 95), que congela os recursos por 20 anos, a situação tende a ficar dramática”, lamentou.
Moreira destacou algumas das ações que a SBPC vem encabeçando para pressionar o governo a recompor o orçamento para CT&I, entre elas, a manifestação em defesa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as moções que foram aprovadas na Assembleia Geral dos Sócios da SBPC, todas encaminhadas a deputados, senadores, ministros e Presidência da República, e divulgadas amplamente nos veículos de comunicação da SBPC e, também, na grande mídia, como no jornal O Estado de S. Paulo.
A instalação dos Tesourômetros, painéis que mostram, minuto a minuto, o valor dos cortes nas verbas para CT&I no País, é outra ação que teve bastante repercussão. O primeiro foi instalado em junho no Rio de Janeiro, o segundo, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, durante a Reunião Anual da SBPC, em julho, e, no dia 9 de agosto, um terceiro foi instalado em Brasília (DF). A previsão é que em breve outros sejam inaugurados na Bahia e em Porto Alegre. O painel mostra que, por hora, o setor vem perdendo R$500 mil em investimentos, um total de R$ 11 bilhões, desde 2015. Os tesourômetros são parte da Campanha Conhecimento Sem Cortes, que conta com o apoio da SBPC. Outra iniciativa da Campanha, mencionada na reunião de terça-feira, é a 2ª Marcha Pela Ciência no Brasil, que está programada para acontecer no dia 2 de setembro, a princípio em frente ao Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O tema desta edição é “O que será o amanhã?”, e a escolha do dia 2 de setembro para realizar a manifestação é porque este é um momento crucial na definição do orçamento para 2018. A expectativa é que, a exemplo do que aconteceu em abril, o movimento consiga adesão em todos os estados brasileiros.
Nesse sentido, o presidente da SBPC reforçou a necessidade da atuação mais intensa de todas as associadas na luta em defesa da ciência e da educação no País. “É o futuro do País que está jogo e nós, da comunidade acadêmica e científica, temos a obrigação de nos manifestar nesse momento”, afirmou.
Os representantes das Associadas reiteraram a gravidade da situação do CNPq e de todo o sistema nacional da CT&I. Todos concordaram que é urgente organizarem-se para agir conjuntamente. Ao final da reunião, foram elencadas as propostas que surgiram no encontro, para que a SBPC e suas associadas tenham uma atuação mais forte junto ao governo com relação aos cortes orçamentários.
Entre as ações, a primeira delas já foi acionada imediatamente, que é a solicitação ao ministro Gilberto Kassab, do MCTIC, para que convoque uma reunião urgente do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). A carta com a solicitação foi entregue em mãos nesta quarta-feira, 23.
Outra iniciativa é uma carta aberta ao presidente da República alertando para a gravidade da situação e a necessidade urgente de reversão desse cenário de contingenciamentos à educação e à CT&I.
Também foi decidido o apoio e a divulgação da 2ª Marcha Pela Ciência no Brasil, no dia 2 de setembro, além de uma atuação mais forte e presente no Congresso Nacional, bem como ações organizadas para 2018 por melhores políticas de CT&I e educação e a intensificação do Fórum Permanente para discussão dessas estratégias.
“Agora não é o momento de ficarmos calados. Se a ciência brasileira se calar agora, ela ficará em silêncio por muito mais tempo, porque não restará mais nada e nem ninguém”, concluiu o presidente da SBPC, Ildeu Moreira.
Fonte: Jornal da Ciência